Ensino Remoto: funciona mesmo?

Se você estivesse me fazendo essa pergunta antes do evento da pandemia, certamente minha resposta seria completamente diferente. Eu sempre tive muita dificuldade em entender como funcionava essa prática de ensino remoto, sobretudo com o que tínhamos no mercado disponível para os clientes. Mas a verdade é que o ensino remoto deve ser dividido em dois períodos: antes e depois da pandemia.

Para começarmos a falar sobre ensino remoto é necessária fazer uma distinção entre o ensino remoto e o ensino à distância - EAD. Antes da pandemia, o modelo EAD era o que estava em alta, dominando as práticas do ensino remoto. Neste modelo observamos a predominância de aulas gravadas, onde os alunos podem assistir às aulas de acordo com seus horários. Eu já havia feito um curso assim no ano de 2011, quando eu me preparava para o Exame da Ordem - OAB, e conheço vários alunos que fizeram a preparação para provas de residência médica neste mesmo formato.

Porém, hoje o ensino remoto mudou bastante para um formato onde as aulas acontecem ao vivo, proporcionando mais conveniência a alunos e professores. Eu custei muito a entrar nesse formato e fui forçado a dar o pontapé inicial justamente por causa da pandemia. Era a única solução naquele momento. Ainda um pouco incrédulo, adentrei nesse mundo do ensino remoto e não consegui mais sair.

Meu principal objetivo sempre foi proporcionar uma aula divertida e eficiente para que meu alunos consigam alcançar seus objetivos. Além disso, criamos uma ótima relação quase de amizade - alguns até me consideram um psicólogo. Nunca abri mão disso e não enxergava a possibilidade disso acontecer através de uma aula no computador, com alunos que nunca sequer vi pessoalmente.

Primeiramente, comecei com aqueles alunos que já estavam comigo no modelo clássico e logo percebemos que iria sim funcionar. Não observamos perda nas aulas individuais ou pequenos grupos. Muito pelo contrário, passamos a ter mais ferramentas disponíveis para nossas aulas e nossas conversas sobre inúmeros temas diferentes. Logo concluímos que estávamos tendo a mesma aula que antes, presencialmente, agora com mais ferramentas e com mais conveniência. A mesma conversa que acontecia nas varandas, salas e quartos agora estavam acontecendo através da tela, mas na mesma intensidade.

Para minha surpresa, até a característica da amizade estava se mostrando realidade. Tenho vários alunos hoje que nunca nos encontramos pessoalmente, aqui da minha cidade ou de fora. Mas, apesar da distância, percebo que essa característica persiste, rompendo as barreiras das fronteiras através desse benefício do ensino remoto. Bom para mim, que acabando ganhando novos amigos em outras partes do mundo!

Isso serve para todos? Não. Tem alunos que ainda precisam do espaço físico, olhar olho no olho sem o auxílio das telas, ou ainda não tem um lugar propício para a prática da aula remota nesse formato e acaba se distraindo bastante. O essencial é que o professor entenda que tudo pode funcionar e que todo aluno tem o seu estilo. O professor deve se adequar ao estilo do aluno para guiá-lo até seu objetivo da forma mais eficiente possível, seja no ensino remoto ou no ensino presencial.